terça-feira, 27 de agosto de 2019

A Terra vem parando de girar


Sim, é isso mesmo: a Terra está desacelerando. Mas não se assuste, são apenas milissegundos. Porém, é por conta dessa curiosidade que vem ou outra vem à tona uma pergunta bastante capciosa: e se a Terra parasse de girar?
Randall Munroe, em seu livro intitulado “E se...?” (“What if...?” no original) em que busca responder perguntas absurdas, demonstra o cenário catastrófico que ocorreria caso isso viesse a ocorrer. Recomendo a leitura.
Mas primeiro, você sabe a que velocidade a Terra está se movimentando em torno do seu eixo? Ao nível do equador a Terra atinge uma velocidade de rotação de impressionantes 1.667 km/h. Só não sentimos a rotação devido a gravidade que nos prende ao solo, assim como por estarmos girando junto com a Terra em um movimento inercial. Porém, essa velocidade nem sempre foi constante desde a formação de nosso planeta.
É pouco, mas Terra vem parando de girar. O nosso dia, há mais de 200 milhões de anos atrás, durava 21 horas, por exemplo. Foi devido a essa desaceleração que o dia passou a durar as atuais 24 horas. Essa desaceleração é devido à diminuição da energia inercial presente nesse movimento desde a formação do sistema solar.
Chegará o dia em que o movimento da Terra parará completamente, nesse momento o dia e a noite durariam os nossos 365 dias atuais, só que para metades opostas da Terra. Talvez esse dia nunca chegue por causa da expansão do Sol e destruição dos planetas mais próximos a ele, mas a expectativa desse cenário é muito interessante.
Dúvidas, críticas e sugestões: lourivaldias@gmail.com

FONTES:
Munroe, Randall. 2014. E Se? – Respostas científicas para perguntas absurdas. Companhia das Letras.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Parcimônia


Menos é mais. Segundo o dicionário parcimônia é 1. “Qualidade ou característica de parco”; 2. “Ação ou hábito de fazer economia, de poupar”. Parafraseando Ricklefs seria uma espécie de “Economia da Natureza”.
Mas onde quero chegar com isso ou porque estou falando sobre esse conceito?
Recentemente estava ministrando uma aula sobre sistemática filogenética e, como faz parte do método cladístico, falei sobre.
A ideia da parcimônia aplicada à sistemática filogenética é basicamente a primeira frase deste post. Menos é mais. A natureza, por ser econômica, realiza seus processos através do menor número de passos possíveis, inclusive em aspectos evolutivos.
Caso hajam duas hipóteses de origem de uma característica, por exemplo, em que uma novidade evolutiva surge uma única vez ou outra em que ocorrem dois ou mais processos independentes, considera-se a melhor conclusão aquela que exige menor número de passos, no caso a primeira hipótese.
Quando, após uma análise filogenética, surgem vários cladogramas possíveis (inferências filogenéticas), usa-se aquele (ou aqueles) mais parcimoniosos.
Assim, parcimônia é um conceito amplamente usado na biologia e que flerta com a economia.


Até!

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Animais fotossintetizantes


Quando falamos em fotossíntese é bem comum vir logo à mente as plantas. Pesquisando mais um pouco descobrimos que protozoários também podem ter pigmentos e vias metabólicas responsáveis pelo processo. Porém, não para por aí.
Animais também podem realizar fotossíntese! Sim, é isso mesmo. Não todos os animais, evidentemente, mas o que chama atenção é que até um tempo atrás não se esperava essa capacidade advindo desses seres.
Mas primeiro o que viria a ser essa fotossíntese. Ela é o processo de transformar água, gás carbônico, sais minerais e luz solar em glicose (alimento). Esta substância entra em outras vias metabólicas para a obtenção de energia. A fotossíntese só é realizada na presença de um pigmento, no caso clorofila que fica alojada nos cloroplastos.
Já são conhecidos uma lesma, pulgões e uma salamandra (possivelmente) que realizam o processo.
A lesma Elysa chlorotica possui clorofila em suas células. Esse molusco foi o primeiro animal em que o processo de fotossíntese foi descoberto. Mas a capacidade fotossintética não é original do próprio animal, ele adquire essa capacidade após realizar a cleptoplastia das algas marinhas Vaucheria litorea, ou seja, eles roubam seus cloroplastos. Apesar de espantoso essa descoberta se deu em 1870 por Augustus Addison Gould, mas somente relatado em 2010 por Sydney Pierce.

Elysa chlorotica

O pulgão Pisum acyrthosiphon é uma praga de diversas leguminosas e que possui um sistema de fotossíntese. Ao invés da luz ser absorvida pela clorofila, nesses insetos os fótons são absorvidos por carotenoides, pigmentos que apresentam outras funções primárias. Esses pulgões, através dessa maquinaria metabólica produzem muito mais ATP, quando em presença de luz, em relação a outros que possuem poucos carotenoides.

Pisum acyrthosiphon

Outro animal com certa capacidade de fazer fotossíntese é a salamandra Ambystoma maculatum que possui, em algumas células, algas fotossintéticas. Foi Ryan Kerney que revelou a simbiose existente entre as células da salamandra e a da alga Oophila amblystomatis. Essa relação ocorre desde a fase embrionária da salamandra. As algas “contaminam” a próxima geração de animais por estarem presentes no aparelho reprodutor das fêmeas. Esse é o primeiro caso de simbiose em que um organismo fotossintético vive dentro de uma célula de vertebrado.

Ambystoma maculatum

Apesar da estranheza desses peculiares animais que têm a capacidade de fazer, mesmo que não necessariamente do mesmo modo que as plantas, fotossíntese, é de uma beleza inenarrável se deparar com essas possibilidades da bela natureza.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Crossvallia waiparensis: um pinguim do tamanho de uma pessoa


Com 1,6 metro de altura e pesando seus 80 quilos essa espécie de pinguim viveu durante o Paleoceno (entre 65 e 55 milhões de anos atrás) em uma região que hoje está separada em Nova Zelândia, Austrália e Antártida.
A descoberta do fóssil desse pinguim gigante foi publicada no periódico Alcheringa: Na Australasian Journal of Paleontology e divulgada mais amplamente pelo jornal The Guardian que entrevistou a curadora do CanterburyMuseum, Vanessa De Pietri, uma das autoras do trabalho. Segundo os pesquisadores que analisaram o fóssil, Crossvallia waiparensis tinha o tamanho de uma pessoa de estatura média o que corresponde a quatro vezes o tamanho do maior pinguim conhecido, o pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri).

Comparação entre a nova espécie e o Pinguim-Imperador

A descoberta dos fósseis se deu na Nova Zelândia, mas como citado anteriormente, esta estava ligada a outras regiões continentais. Esses animais deixaram de habitar os oceanos do hemisfério sul após a chegada, e consequente competição, de focas e baleias.

Fósseis da espécie de pinguim encontrados

Como é bom imaginar como seria encontrar um bichão desse pela frente hem?
Até!

FONTES:
Mayr, G., De Pietri, V.L., Love, L., Mannering, A. & Scofield, R.P. 2019. Leg bones of a new penguin species from the Waipara Greensand add to the diversity of very large-sized Sphenisciformes in the Paleocene of New Zealand. Alcheringa XX, xxx–xxx. ISSN 0311-5518. Disponível em https://doi.org/10.1080/03115518.2019.1641619