segunda-feira, 27 de maio de 2019

Globalização: As Consequências Humanas [Livro]


Por Luciane Pimentel Corrêa
Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, principal teórico da pós-modernidade, em mais um de seus mais de 60 livros publicados (só no Brasil, mais de 30), lançou em 1998 seu título “Globalização: As Consequências Humanas”, publicado pela editora Zahar no Brasil.
Conhecido por análises do consumismo pós-moderno e das ligações entre a modernidade e o holocausto, bem como pela abordagem da modernidade líquida, conceito amplamente discutido por ele em suas publicações e que vez ou outra vem à tona em discussões sobre as relações humanas.
Neste livro busca descrever a história da “globalização”, seu início e as suas consequências, dispersando a banalização (ou o “anestésico da familiaridade” para citar Richard Dawkins) sobre o termo. É tão comum falar em globalização que parece algo comum, algo que sempre esteve presente na sociedade moderna, de modo que seria difícil, hoje, pensar em um mundo não globalizado.
O livro está estruturado em cinco capítulos: “Tempo e Classe”; “Guerras espaciais: informe de carreira”; “Depois da Nação-Estado, o quê?”; “Turistas e vagabundos” e “Lei global, ordens locais”.
            Bauman inicia o livro falando sobre que seriam os principais beneficiados da globalização, que seriam as grandes corporações. Existe uma luta de classes entre aqueles que investem capital estrangeiro e os empregados locais. Apesar dos empregados estarem diariamente vivendo a realidade da empresa, são os investidores que tomam todas as decisões visando apenas o lucro, não para os empregados, os quais normalmente não tem participação nos lucros da empresa, mas sim para si próprios.
Outro ponto abordado pelo pensador em relação à globalização é a instantaneidade de transporte da informação. Essa comunicação excessiva e barata, inunda e sufoca a memória ao invés de consolidá-la. Desse modo as elites investidoras se mantêm conectadas virtualmente, sem se aproximar das comunidades onde suas empresas estão inseridas, produzindo uma desestruturação desses locais. Assim, existem toda uma discussão sobre o espaço social moderno-líquido, uma vez que antes os inimigos das comunidades vinham de fora (Vikings, piratas etc), porém hoje os inimigos compartilham o mesmo local. Como isso é possível? Por conta da globalização.
Outro sintoma da pós-modernidade, atrelado com a globalização, é o esgotamento do sistema de governo vigente em que cada Estado-Nação tem um líder, um governante. Esse sistema estaria desgastado, com uma grande possibilidade de extinção, acarretando uma desordem mundial. Atrelado a isso, a falta de controle central ou a descentralização desse controle gera uma quebra entre economia e Estado. Assim, grandes empresas (que são extraterritoriais) podem terceirizar sua mão-de-obra em outros países  em que esta é mais barata, assim têm mais lucro.
Situações efêmeras, como o movimento na pós-modernidade, também seriam criadas pela globalização, como é tratada no capítulo “Turistas e Vagabundos”. Estamos sempre nos movendo, mesmo quando não viajamos, esse movimento seria caracterizado pelo consumo. Assim, liberdade seria ir para onde quiser e comprar o que quiser, porém enquanto que os “Turistas” são caracterizados pela liberdade de movimento e consumo, os “Vagabundos” não possuem tal liberdade e este grupo social é composto pela maioria da população mundial.
Finalizando a obra, Bauman afirma, baseado também nas ideias de ourdieu e Tietmeyer, que a globalização transformou as leis. Gasta-se mais com isolamento do que com integração (educação) e as leis locais são altamente repressivas com a maioria da população (classe média baixa), apesar de “protegerem” relativamente a classe média. Além disso, as leis globais, são estritamente econômicas, flexibilizam relações de trabalho, criam relações de confiança entre investidores, entre outras ações que levam a uma descentralização do poder.
Assim, a globalização é um processo que tem levado à grandes mudanças na pós-modernidade, seja na luta entre classes, seja no modo de fazer política que caminha para um esgotamento. Além de colocar o lucro como a locomotiva que impulsiona o mundo e as relações da sociedade como um todo.

Referência:
BAUMAN, Z. 1999. Globalização: As Consequências Humanas. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar. 

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