segunda-feira, 3 de junho de 2019

A origem do ouvido interno dos mamíferos


Um dos processos mais belos e instigantes proporcionados pela evolução é, sem dúvida, o surgimento do ouvido interno dos mamíferos.
Atualmente o ouvido interno desse táxon é formado por três ossículos, bastante conhecidos, que são o martelo, estribo e bigorna, estes estão ligados ao tímpano e são responsáveis pela audição, de modo que cada um desses componentes transmitem as ondas de pressão no ar desde o ambiente externo para o cérebro, para que ele possa processar e reconhecer os sons.


A linhagem que dá origem aos mamíferos modernos é o clado Synapsida, este é caracterizado por apresentar uma única fenestra temporal, que nada mais é que um espaço no crânio para inserção muscular, importante para uma melhor maceração do alimento e força na captura de presas.



Tudo começou a cerca de 64 milhões de anos atrás. Os ancestrais dos mamíferos atuais, da linhagem dos Synapsida, assim como os répteis, apresentavam uma maxila inferior formada por vários ossos. O mais anterior era o dentário e um posterior que permitia a articulação dessa maxila com a maxila superior era o quadrado, que se articulava com o articular na região dorsal (articulação Quadrado-Articular).
As forças seletivas em uma direção para o maior consumo de alimentos, devido à tendência evolutiva de maior metabolismo e endotermia, selecionaram linhagens que apresentavam dentários cada vez maiores, assim os ossos que formavam a articulação citada acima (Quadrado-Articular) foram levados mais para trás no crânio.
Chegou um momento crucial em que o osso Quadrado formou a Bigorna, enquanto que o Articular formou o Martelo (o Estribo era o único osso envolvido com a audição nos répteis). O dentário cada vez maior passou a formar completamente a maxila inferior, articulando-se com o crânio superior com o osso Esquamosal (Articulação Dentário-Esquamosal).



Dessa forma os ossículos que hoje formam o ouvido interno dos mamíferos eram originalmente utilizados para a articulação da mandíbula.
Dúvidas, críticas e sugestões: lourivaldias@gmail.com
Até!

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