Em 1977, Carl Woese descreveu as bactérias
Archaea, divindo o então Reino Monera (organismos unicelulares sem carioteca-
membrana que circunda o núcleo) em dois grupos: Bacteria (ou Eubacteria) e
Archaea. Nessa mesma época Woese desenvolveu o que ele chamou de Domínios, um
nível de classificação de hierarquia superior aos então já conhecidos Reinos.
Há, desse modo, três reinos: Bacteria, Archaea e Eukaryota (neste todos os
organismos eucariotos – com membrana nuclear – estariam: Protista, Fungi,
Platae e Metazoa/Animalia).
A grande questão que intriga toda a
comunidade científica é quando Bacteria e Archaea se separaram
filogeneticamente.
O que torna Bacteria e Archaea diferentes
a ponto de serem alocadas em taxa
distintos é a composição de suas membranas plasmáticas, estas apresentam tipos
de lipídios diferentes. Uma hipótese clássica que explicava a separação desses
dois grupos era que, no passado, há bilhões de anos atrás, havia um organismo
primitivo com uma membrana contendo ambos tipos de lipídios, esta se tornaria
instável e provavelmente permeável, de modo que aquelas formas que, por conta
da variabilidade, tivessem apenas um tipo de lipídio nessa membrana plasmática
teriam uma estrutura mais estável.
Mas não foi isso que pesquisadores,
estudando E. coli, descobriram e
publicaram em abril de 2018 na Proceedings
of the National Academy of Sciences USA.
No trabalho eles enxertaram genes para
lipídios de Archaea em bactérias E. coli
produzindo uma cepa com uma membrana celular que continha até 30% de lipídios
arqueanos e 70% de lipídios bacterianos. Essas células mistas, porém, ao
contrário do que antiga hipótese afirmava, não apresentaram instabilidade em
sua membrana.
Isso indicou que, provavelmente, “outras
causas para a separação” ocorreram no passado, como argumentou Eugene Koonin,
editor do artigo.
Para Arnold Driessen, um dos colaboradores
do trabalho, não houve um ancestral comum para esses dois grupos, o que existia
seria “uma mistura de múltiplas formas de vida” ou esse “ancestral” não teria
nem mesmo membrana, mas seria “apenas uma sopa protegida por partículas de
argila”.
Mais estudos serão necessários para
desvendar esse mistério dos primórdios da vida na Terra.
Críticas, dúvidas e sugestões: lourivaldias@gmail.com
Até!
FONTE:
A.
Caforio; M; F. Siliakus; M. Exterkate; S. Jain; V. R. Jumde; R.
L. H. Andringa; S. W. M. Kengen; A. J. Minnaard; A. J. M.
Driessen & J. van der Oost. 2018. Converting Escherichia coli
into an archaebacterium with a hybrid heterochiral membrane. Proceedings of the National Academy of
Sciences USA. 1-6.
Scientific
American Brasil nº 187 (Setembro/2018) http://www.lojanastari.com.br/produto/155945/o-setimo-sentido-setembro-2018-ed-no-187-scientific-american-brasil
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