quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Sobre a minha tatuagem evolutiva/biológica

Darwin em 1837 desenhou em seu caderno de notas uma espécie de "árvore filogenética", muito tempo antes dos trabalhos de Emil Hans Willi Hennig. Nesta anotação ele já estava pensando sobre o que viria a ser sua teoria da Seleção Natural, um dos alicerces para a teoria da Evolução na qual toda a biodiversidade (Letras A a D) surgiu com modificações a partir de um único ancestral comum (Número 1). Claro que alguns pressupostos do método da sistemática filogenética, como a quebra dos clados em somente dois ramos, não foram retratados corretamente, mas o mais importante aqui é o valor histórico e a concepção de uma ideia válida até hoje.
  
Minha tattoo no antebraço esquerdo
Imagem original da anotação de Darwin em seu caderno de notas de 1837
Foi essa a ideia por trás da minha primeira tatuagem. Procurei gravar na pele essa anotação de Darwin, cujo conceito perdura até hoje, obviamente após vários ajustes posteriores, feitos por diversos pesquisadores.
Por ser evolucionista não poderia deixar de homenagear essa percepção da natureza aos olhos daquele exímio naturalista que embarcou no Beagle e notou o óbvio.
E nada melhor para finalizar essa postagem do que a célebre frase de Theodosius Dobzhansky: "Nada na Biologia faz sentido exceto à luz da evolução.”
Até!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

O demônio da epilepsia


Atualmente é plenamente conhecido o fato de, no passado, as pessoas relacionarem doenças a aspectos espirituais. Até hoje muitas pessoas são convencidas de que podem ser curadas através da fé ou de poderes milagrosos manifestados por pessoas “sensitivas”.
Pesquisadores da Universidade de Copenhagen, liderados por Troels Pank Arbøll, encontraram o desenho de um demônio em uma placa assíria de 2,7 mil anos que se encontrava no Museu alemão Berlin’s Vorderasiatisches. A placa foi encontrada no norte do Iraque já há alguns anos.
O trabalho foi publicado no periódico Le Journal des Médecines Cunéiformes e concluiu que o desenho representa o demônio Bennu que para o povo assírio era responsável por causar a epilepsia.
Arbøll diz que “Sabemos há muito tempo que os assírios e babilônios consideravam as doenças como fenômenos causados por deuses, demônios ou bruxaria. Os curadores eram responsáveis por expulsar essas forças sobrenaturais e os sintomas médicos que causavam, usando drogas, rituais ou encantamentos”.
Interessante que o desenho se encontra em uma placa cuneiforme de inscrições médicas, mostrando o que seria a causa da enfermidade e não o que empregar para a cura da mesma.

O demônio representado como uma criatura bípede, com chifres, esguia e com língua bífida agia, de acordo com a inscrição, em nome do deus lunar Sîn. Para os assírios epilepsia estava relacionada com loucura e por ser o deus da Lua que, através da ação de Bennu, infligia tal efeito, os termos lunacy/lunático/loucura derivaram da palavra latina “luna”.
Interessante notar a evolução do entendimento popular das enfermidades ao longo das eras e ver como práticas tal antigas, muitas das vezes são mantidas até os dias de hoje, mesmo com todo o desenvolvimento da ciência.
Até!

FONTES:
ARBØLL, T. P. 2019, A Newly Discovered Drawing of a Neo-Assyrian Demon in BAM 202 Connected to Psychological and Neurological Disorders, JMC 33, pp. 1-31.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Formigas canibais e que bebem urina


Animais se adaptam para sobreviver, isso é plenamente reconhecível e registrado em vários trabalhos científicos e em livros-texto.
Formigas já desenvolveram canibalismo. Isso ocorreu e foi documentado quando uma população de um milhão de indivíduos ficou presa em um porão de armazenamento de Armas Nucleares na Polônia e sobreviveram desenvolvendo a prática do canibalismo.
Elas passaram a se alimentar das que não sobreviviam e mesmo não havendo comida a população aumentou.
Esse caso ajudou a entender como esses animais se adaptam em situações extremas na natureza. Na primavera, quando há menos alimento, é possível se tornarem canibais.
Em um outro artigo publicado no periódico Austral Ecology, pesquisadores verificaram que formigas da Ilha Kangaroo, Austrália, bebem xixi para sobreviver. A urina de humanos, cangurus e outros animais é usada para obtenção de nutrientes que não são normalmente encontrados nos alimentos desses organismos.
Aquelas excretas com altas concentrações de ureia e açúcar são as preferidas por esses insetos, sendo uma substância muito nutritiva.
Revelou-se nesses estudos que formigas (e possivelmente outros animais, obviamente) são organismos resilientes.
Espero que tenham gostado dessas informações. Deixe seu comentário e compartilhe esse post.
Até e um Feliz Ano Novo!

FONTES:
Rutkowski T, Maák I, Vepsäläinen K, Trigos-Peral G, Stephan W, Wojtaszyn G, Czechowski W (2019) Ants trapped for years in an old bunker; survival by cannibalism and eventual escape. Journal of Hymenoptera Research 72: 177-184. https://doi.org/10.3897/jhr.72.38972
Petit, S., Stonor, M.B., Weyland, J.J., Gibbs, J. and Amato, B. (2019), Camponotus ants mine sand for vertebrate urine to extract nitrogen. Austral Ecology. https://doi:10.1111/aec.12840