quinta-feira, 2 de agosto de 2018

“Nós somos mais evoluídos”: Uma falácia


É comum ouvir por aí frases do tipo: “o ser humano é mais evoluído que um rato”; “vertebrados são mais evoluídos que invertebrados”; “seres unicelulares são menos evoluídos que os pluricelulares”. Mal sabem os seus divulgadores que isto não passa de uma falácia.
Podemos fazer essa ideia cair por terra quando aplicamos o senso crítico de considerar: “Se peixes são menos evoluídos que mamíferos, por que ainda existem peixes?”
É porque não existe algo mais evoluído que outro. Nenhuma espécie é mais evoluída que outra.
Até entendo o que essas pessoas querem dizer, mas quando tornam a ideia acima pública acabam por estar bastante erradas.
Os temos “mais evoluído” e “menos evoluído” deveriam ser substituídos por “derivado” e “basal”. Pronto, resolvido o problema.
Quando falamos que um determinado táxon X é basal em relação a outro Y queremos dizer que ele (X) se originou um processo cladogenético anterior, ou que, simplesmente, o seu surgimento foi anterior, mas isso não quer dizer que o mesmo (X) desapareceu ao longo da história evolutiva, ele pode ser contemporâneo à espécie Y.
Reparem nos cladogramas abaixo (São duas representações para a mesma relação evolutiva).
 

 O táxon C é mais basal que o táxon B, mas ainda assim eles existem no mesmo tempo e, porventura, no mesmo espaço.
Já quando falamos que um grupo é mais derivado queremos dizer que o seu surgimento se deu posteriormente. Ele é derivado por ter acumulado mais alterações filogenéticas. É como se a sua linhagem tivesse “juntado” ao longo do tempo várias sinapomorfias.
Considerando o mesmo cladograma acima vemos que B ou A são mais derivados em relação a C.

Essa é a grande questão. Não se esqueça: não existe um táxon mais ou menos evoluído que outro, sempre procure usar os termos corretos “basal” e “derivado”.

Dúvidas e Sugestões: lourivaldias@gmail.com

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